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A Graça e a Cultura Pop #0007 - Amar as invenções dos "trouxas", não necessariamente significa ser um trouxa, uma reflexão com o exemplo de Athur Weasley


Introdução: Harry Potter traz um mundo fantástico aonde existe o mundo humano, conhecido como “mundo Trouxa”, sim, eles chamam os seres humanos sem habilidades especiais de trouxas, e o “mundo bruxo”, que traz não somente os bruxos (indivíduos capazes de usar magia), como também diversos outros seres da fantasia como gigantes, centauros, elfos, dragões entre outros. No mundo bruxo existem algumas famílias, como é o caso dos Weasley, a família de Ron um dos protagonistas da série, uma família que originalmente era “puro-sangue”, que é como eram chamadas famílias formadas exclusivamente por bruxos, entretanto nem quando era assim eles tinham preconceito com os trouxas, e isto é ainda mais nítido agora, quando na geração atual, posterior aos eventos dos oito filmes, a família deixou de ser formada somente por bruxos.


Quem é Arthur Weasley? Arthur Weasley é o patriarca da família Weasley apresentada para nós nos oitos filmes da franquia Harry Potter, em seu casamento com Molly, eles tiveram sete filhos, e nisto podemos encontrar uma das primeiras lições que podemos aprender com Arthur, sim, ele não é rico, porém, fez o possível para oferecer o melhor que podia para os seus filhos, principalmente, sendo um ótimo exemplo de pai, um homem íntegro e honesto. Mas a lição principal que quero trazer com base no personagem não é esta.


Arthur Weasley apesar de ser um bruxo de uma família puro-sangue ficava encantando com a “Cultura trouxa”, ele amava conhecer os mais diversos itens utilizados pelos trouxas, ao ponto de até mesmo ter um Carro, porém, ele se preocupava com a forma que os bruxos pudessem utilizar estes objetos, ou melhor dizendo, ele tinha receios que alguns bruxos utilizassem dos itens trouxas para fazerem mal para os humanos sem magia, e por isto em seu emprego ele criou diversas leis para tentar evitar que isto acontecesse. O engraçado é que essas mesmas leis quase fizeram ele perder o emprego quando seu filho, Ron Weasley pegou seu Carro enfeitiçado para poder ir a Hogwarts.


Pode parecer insignificante isto que acabei me mencionar no parágrafo anterior, de que um Bruxo se interessou pelo mundo dos trouxas, mas, a realidade é que podemos tirar uma lição preciosa disto, pense o seguinte, o criador de um objeto não necessariamente torna aquele objeto bom ou ruim, como por exemplo, quem navegando pela internet nunca viu alguma versão da famosa frase “Você que usa computador já agradeceu à Alan Turing, ateu e homossexual, pai da computação?”, ou nem precisamos ir tão longe, Mark Zuckerberg criador do Facebook está longe de ser um cristão infelizmente.


Se você fosse utilizar somente e tão somente as invenções criadas e desenvolvidas por cristãos, você teria que abrir mão de muitas coisas, sim, além de que daria um trabalho danado pesquisar quem foi o criador de cada coisa, alguns são bem conhecidos, porém, outros é necessário uma investigação mais à fundo que demora um pouco para descobrirmos quem foi, mas o importante aqui é mencionar que por exemplo, da mesma forma que é possível para um bruxo do universo e Harry Potter gostar da “cultura trouxa”, é possível para nós cristãos tirarmos proveito de invenções de pessoas de outras religiões, e até mesmo de pessoas sem religião alguma, não existe mal algum nisto, o criador de determinada coisa não necessariamente torna aquilo bom ou ruim, e sim a forma como utilizamos tal coisa que define se aquilo é benéfico ou maléfico.


existem certas doutrinas que se popularizaram principalmente no meio católico romano que podem ser resumidas como “Ascetismo” e os defensores deste pensamento argumentam que é melhor nos afastarmos de tudo aquilo que é produzido pelo “mundo” a fim de encontrarmos uma maior santidade, não posso negar que este foi um pensamento totalmente ruim pois existiram alguns pontos positivos como por exemplo alguns dos mosteiros que se formaram foram responsáveis por passarem adiante as escrituras por um período de quase 1 milênio! mas em sua grande maioria eu diria que os pontos do ascetismo são ruins, primeiramente porque ele parte de uma premissa falsa, de que só podermos encontrar santidade verdadeiramente se nos abstermos das coisas do mundo, mas não é assim que a realidade é, pois como está escrito “Tudo é puro para os que são puros..” (Tg 1:15)


Erroneamente quem defende o que estou ensinando aqui é considerados como libertinosos ou pior no meio religioso, obviamente é necessário um “bom senso” baseado no fato de que tudo nos é lícito mas nem tudo nos convém, porém, com o entendimento pleno do Evangelho podemos compreender que é possível tirarmos proveito de criações que não foram criadas por “Cristãos”, certa vez eu já vi o absurdo de falaram que comer churros era pecado pelo simples fato dele ter uma origem pagã, mas não é assim que as a realidade é, se você parasse para analisar muitas coisas tem origem pagã ou ateia, nem por isso devemos parar de utilizá-las ou tirar proveito delas, para não afirmarem que estou inventando vou utilizar um exemplo bíblico para ilustrar isto, se você ler o livro de Gênesis e analisar a linhagem maldita de Caim, uma das invenções de um de seus descendentes foi nada mais nada menos que a Harpa, um instrumento que posteriormente foi utilizado para o louvor pelos filhos de Deus, o fato de ter uma origem “maldita” não impediu que aquilo instrumento fosse utilizado para a glória de Deus.


Um fato é que o mesmo Deus que dá sabedoria aos santos também o mesmo que dá sabedoria aos ímpios ou como escreveu Tiago “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” (Tg 1:17), todo bem vem de Deus, e isto inclui a sabedoria, fato que pode ser realçado por exemplo quando Tiago também diz que se alguém tivesse falta de Sabedoria bastava pedir a Deus, nos mostrando que é Ele quem nos concede esta dádiva, mas este “presente” não se limita aos filhos de Deus, muitos ímpios podem ser alvo dessa benção, descartar o que eles fizeram ou criaram pelo simples fato de serem “ímpios” é uma grande tolice.,


Obviamente que a sabedoria que Deus concedeu aos homens “pagãos” não é tão elevada quanto o conhecimento do próprio Deus revelado aos seus através de suas escrituras, mas nem por isto devemos descartar os demais aprendizados. Uma falácia que alguns afirmam contra isto é que nós assim permitiremos qualquer tipo de novidade em um culto, mas não é bem assim, como disse o conhecimento revelado por Deus em sua palavra é mais sublime que qualquer sabedoria que ele tenha concedida aos “ímpios” e mesmo aos santos modernos.


Sendo assim como está prescrito em sua palavra que o devemos adorar atualmente é assim que devemos fazer, o máximo de “adições” que fazemos são alterações de não tanta relevância mas que podem ser úteis como por exemplo o microfone e a utilização de energia elétrica para iluminação e para os instrumentos do louvor nada que altera a verdadeira essência do culto e a Palavra de Deus. Mas está vendo, sua Igreja provavelmente tem energia elétrica não é mesmo? saiba que isto não existia nos tempos de Jesus, é uma invenção de um maçom, isto mesmo, alguém pertencente a um grupo tão demonizado por muitos membros da Igreja moderna.


Se fossemos utilizar apenas o que fosse criado por cristãos iriamos ter que abrir mão de muita coisa realmente útil, além de novamente, imagine o trabalho que daria para pesquisar criador por criador de cada coisa, é muito mais fácil saber que o Criador de todas as coisas é que deu sabedoria para que estes outros “criadores” criassem suas invenções, e sendo assim, mesmo que sua origem não seja muito boa podemos tirar proveito daquilo para glória de Deus, por isto que mesmo os  personagens que eu trago nesta série de textos, em sua grande maioria tenham origem pagã como por exemplo dos Animes Orientais, sim, que mesmo tendo uma origem tão “demonizada” por muitos dos crentes de hoje em dia, ainda sim é possível tirar proveitos e encontrar um pouco de “graça” neles. 


E de certa forma acaba que se junta o útil ao agradável, pois por exemplo assistir uma série costuma ser um lazer e prazer, isso se torna ainda melhor quando você pode utilizar o conhecimento que adquiriu nela para a glória de Deus!, sim, utilizar tanto exemplos positivos quanto os exemplos negativos para sua própria edificação, e edificação do seu próximo, exemplificando ações que devem ser feitas, e açõesque não devem ser feitas, enfim, para muitos cristãos o mundo de Harry Potter não convém, pelo fato de abordar a magia, porém, é possível sim tirar coisas boas deste Universo, assim como de muitos outros que abordam a magia, principalmente que o que conhecemos como “Milagre”, na ficção muitas vezes é abordado como a famosa “White Magic”, ou magia branca, que nada tem a ver com a Magia Negra condenada na Bíblia, mas o ponto importante aqui é que é sim possível tirar proveito de criações de não cristãos, inclusive se você pesquisar à fundo perceberá que o próprio Apóstolo Paulo citava autores pagãos em alguns momentos, e ressalto não tinha nem tem nada de errado nisto, é só saber reter o que é bom do conteúdo não cristão.


Por fim um exemplo simples para ver quão loucura é abandonar tudo aquilo que não foi criado por sua religião, está no grupo extremista que recentemente ganhou os holofotes, estou falando do Talibã, que após a saída do exército Norte Americano do Afeganistão, tomou conta do país, sabe o que eles fizeram? no meio de diversas atrocidades eles simplesmente também paralisaram a vacinação contra o COVID no país, e isto se dá pelo fato de que diversas das vacinas tem origem ocidental, origem dos “infiéis”, que é como os muçulmanos extremistas chamam que não tem o pensamento que eles, enfim, não poderiam estar mais errados, o problema maior é que aqui este erro pode custar a vida de ainda mais gente do que já se foi perdida naquela país.


Sim, da mesma forma que Arthur Weasley morria de curiosidade quanto aos objetos criados pelos trouxas, não tem problema alguma você gostar de invenções criadas por não cristãos, a realidade que muitos se esquecem é que a maioria das coisas não é boa nem má, o que define se é boa ou má é a forma como é utilizada, por exemplo, com a energia nuclear, que pode ser usada tanto para o bem, como para fornecer energia para muita gente, como para o mal através das terríveis bombas atômicas, não cometa o erro dos ascetas ou do Talibã, saiba usufruir das criações até mesmo de pessoas que pensam completamente divergente a você, saiba reter o que é bom e tirar proveito para a glória de Deus de tudo que puder.


Compreender a mensagem passada aqui é importante especialmente se assim como Arthur você foi um pai, ou você for uma mãe, pois, muitos acabam proibindo seus filhos de consumir determinados produtos, acreditando que aquilo seria o mais correto para se fazer, mas na verdade é fundamentado simplesmente em um legalismo vão, e assim impedem que eles aproveitem de coisas que poderiam ser bem edificantes de muitas formas, que poderiam mudar totalmente sua vida, imagine deixar de usar óculos como conhecemos hoje, só porque um maçom inventou isto, sua vida seria bem pior sem fundamentação alguma, enfim, para encerrar deixou o meu versículo favorito da Bíblia, e que me motivou a escrever estes textos que utilizo do exemplo de personagens para gerar reflexões fundamentadas na Cosmovisão Cristã.


Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (1 Co 10:31)


Sim, quer comais quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus, sim, é possível comer churros para a glória de Deus, é possível usar energia elétrica para a glória de Deus, tocar harpa, ou usar óculos, e por aí vai, é possível usufruir de muitas criações de pessoas que pensam diferente de você para a glória de Deus, não se limite, nem limite os demais, achando que vai ser mais santo se deixar de usar determinadas invenções que não tem nada de errado na realidade, é fato que nem tudo convém, mas é importante entender que a quantidade de coisas que não convém não é necessariamente toda e qualquer coisa criada por não cristão. O problema é justamente o receio do Arthur, de que os objetos sejam usado para o mal, mas o fato de alguém utilizar uma invenção para o mal, não quer dizer que a invenção é mal em si, ou que não seja possível utilizá-la para o bem e para a glória de Deus.

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