O Texto à seguir contém spoilers do Filme Toy Story 4
Um dos temas mais recorrentes na franquia Toy Story é a amizade e, com relação a esta amizade, podemos fazer uma analogia interessante, mais especificamente com algo que ocorreu no quarto filme da franquia. Em determinado momento Bonnie, a nova dona dos brinquedos que antes pertenciam a Andy, estava prestes a enfrentar algo “novo”, o que a deixou com certo medo. Por conta disto, Woody resolveu agir e a acompanhou sem que ela soubesse e, mais do que isto, deu a ela materiais, os quais foram usados para a criação de Garfinho. Para muitos isto pode parecer algo simples, porém é bem significativo. O tal Garfinho, apesar de, a princípio, ser considerando como nada mais que lixo, se tornou um amigo que ajudou Bonnie a vencer o medo daquele mundo novo que ela tinha de enfrentar. Outro detalhe relevante é que Woody, por mais que tenha sido o brinquedo dado a ela por Andy como vemos no final do terceiro filme da franquia mais chamou a atenção dela, neste filme era alguém deixado de lado, ainda assim considerava Bonnie sua amiga e se esforçou para ajudá-la.
Sem que Bonnie suspeitasse de nada, Garfinho tinha certas “tendências suicidas” e, ao invés de se considerar como um brinquedo, ele acreditava não ser nada mais que lixo. Aos desenrolar da história, houve um determinado momento em que, após a garota adormecer, o brinquedo criado por Bonnie, começou a se jogar ao lixo, porém Woody, insistentemente, jogava Garfinho de volta para a garota. E não parou aí, em outro momento, Garfinho se joga de um carro em movimento, e sabe quem é que se jogou também para tentar resgatá-lo? Isto mesmo, Woody!
Mesmo tendo sido deixado de lado, ele se esforçou mais que qualquer um dos outros brinquedos de Bonnie para ajudá-la. Sim, apesar de ter sido esquecido, ele agia como o melhor dos amigos buscando o bem de sua amiga. Mas o que é que podemos aprender com isto? Em nossas vidas existe um amigo, um ótimo amigo que muitas vezes é deixado de lado…
Estou falando de ninguém menos que Deus, muitos de nós, a princípio, o trata como o nosso “favorito”, da mesma maneira que Bonnie agiu com Woody ao recebê-lo de Andy, e este é nada mais que o que é tratado na Bíblia como o “primeiro amor”. No entanto, com o tempo, este amor costuma enfrentar diversas provações, de tal maneira que, na vida de muitos, ele acaba se esfriando e, com isto, passam a colocar esse grande amigo de lado. Mas, mesmo que seja por vezes “esquecido”, Ele continua sendo nosso amigo, e continua agindo em nosso favor sem que percebamos, da mesma maneira que foi com Woody e Bonnie. A verdade é que, por exemplo, o simples fato de você que está lendo isto poder respirar e ter vida agora é porque encontrou o favor de Deus. Todavia Ele nos dá muito mais do que apenas oxigênio. São incontáveis as bênçãos que o SENHOR nos dá, a questão é que, constantemente, essa graça alcança aqueles que se esqueceram d’Ele e, por conta de terem se esquecido, não percebem que Deus estava por trás de tudo aquilo de bom que aconteceu em suas vidas, da mesma forma que Bonnie não notou todo o esforço que Woody fez por ela. (Algo interessante para mencionar aqui é que isto contraria a ideia equivocada em diversas partes do meio evangélico que ensina uma espécie de barganha com Deus, aonde Deus só abençoaria alguém se aquela pessoa der a Ele algo em troca, o que não condiz com a realidade)
E quando falo de esquecer de Deus não digo somente de se desviar por um longo tempo, falo também de períodos menores como um simples dia. Muitos cristãos acabam agindo como ateus por um dia, em meio a toda correria do dia e a outros assuntos mais interessantes para a carne, acabam se esquecendo de Deus e assim passam um dia todo sem conversar com Ele. Além disto, toda vez que você peca, de certa maneira, é como você estivesse se esquecido de Deus, pois, se realmente se lembrasse d’Ele, ao invés de pecar, teria feito como José e dito “...Como, pois, eu faria tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gn 39:9b). Pecar é se esquecer de que o nosso pecado foi a causa de Jesus ter que sofrer e morrer na cruz, sim, é esquecer o sofrimento e esforço de um grande amigo…
Enquanto nós nos esquecemos de Deus frequentemente, Ele continua se lembrando de nós inclusive enquanto estamos dormindo, como bem disse o Salmista Ele continua se lembrando de nós inclusive enquanto estamos dormindo, como bem disse o Salmista “...Aos seus ele o dá enquanto dormem.” (Sl 127:2). Bem como Woody agia em favor de Bonnie, mesmo enquanto esta dormia, Deus age em nosso favor mesmo enquanto estamos dormindo, e isto inclui tanto dormir fisicamente quanto dormir espiritualmente, pois, como próprio Deus disse “...Porquanto com amor eterno eu te amei, por isso com benignidade te atraí.” (Jr 31:3), o Amor de Deus não é inconstante do tipo “Te amo agora, mas posso não te amar daqui a pouco”, não, aos seus amados Ele os amou desde de sempre, desde o começo até o final da eternidade, pois assim é o amor eterno, o Perfeito Amor, que nos amou primeiro, que nos ama mesmo quando o deixamos de lado e nos esquecemos d’Ele. O nosso grande amigo sempre está “aqui”, Ele não desiste de nós e continua nos amando apesar de tudo, por conta disto em gratidão devemos apesar das nossas limitações nos lembrarmos d’Ele, não é à toa de que uma das principais ordenanças do Evangelho é justamente nos lembrarmos, já que sobre a Ceia, Jesus disse “fazei isto em memória de mim” (1 Co 11:24)
Ao contrário de Woody, que no final de contas foi embora, Deus sempre está ao nosso alcance. Ele nunca nos abandona. Não é à toa que o Apóstolo Paulo escreveu “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus” (Fp 1:6). Ele afirma isto sem hesitar e com plena convicção de que aquele que começou a boa obra em nossas vidas a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus (ou vai completá-la, dependendo da versão). Deus não deixará uma obra pela metade, como muitos fazem em nosso país. Se Ele começou, Ele irá aperfeiçoá-la, Ele irá concluí-la!
É como o velho Salomão que, durante sua mocidade, amou a Deus de tal maneira que alcançou grandes bênçãos, porém se desviou por algum tempo, mas ao final das contas acabou voltando para “casa”, assim como o filho pródigo. Nesse sentido, muitos de nós somos como o “Garfinho”, aonde tentamos ir para outro rumo, tentamos ir para o “lixo”, mas que um grande amigo vai atrás de nós para nos resgatar e nos traz de volta para o bom caminho.
“Qual de vocês que, tendo possuindo cem ovelhas, e perdendo uma, não deixa as noventa e nove no campo e vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la? E quando a encontra, coloca-a alegremente nos ombros e vai para casa. Ao chegar, reúne os amigos e vizinhos e diz: “Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida” (Lc 15:4-5)
Mesmo que tenha que ir atrás de você, e que tenha que te “carregar nos ombros”, Ele o faz. Este grande amigo não desiste de você, não desiste de nenhuma de suas “ovelhas”. O Bom Pastor Jesus não desiste dos amigos pelos quais ele derramou seu sangue, ao contrário dos falsos mestres, que vivem e pregam um falso Jesus e que, por esta razão, são “esquecidos” pelo Cristo (vide Mt 7:22-23), Ele não se esquece de nós, aqueles que em algum momento encontraram Salvação n’Ele, aqueles que em algum momento se tornaram seus amigos de verdade, por conta disto busquemos não nos esquecer também d’Ele. Não se esqueça desse grande amigo, não o deixe de lado, valorize esta grande amizade, “jogue lenha na fogueira” do primeiro amor, orando e lendo a Bíblia e participando da comunhão dos santos. Não espere o tempo passar e a velhice chegar para se lembrar de Deus como Salomão. Não espere perder tudo para voltar para casa como fez o filho pródigo, sim, não espere para valorizar essa grande amizade, para valorizar esse amor eterno. Não seja você mais uma das muitas pessoas que em algum momento de suas vidas o deixaram de lado!
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