Pular para o conteúdo principal

SGC #131 - Perdoe o Peter Quill

Peter Quill é o Capitão dos Guardiões da Galáxia, um grupo de heróis “desajustados”, com os dois filmes dos Guardiões ele acabou se tornando um personagem bem querido para os fãs (sem contar aqueles que já gostavam do personagem após tê-lo conhecido nos quadrinhos, antes dos filmes serem lançados), MAS, em uma de suas aparições mais recentes no cinema, no caso em Guerra Infinita, ele recebeu muito ódio, mais ódio até que o próprio vilão da trama, e tem algo que podemos aprender com este exemplo…

Peter errou? sim errou, ele se deixou levar pelas emoções e acabou estragando o plano dos heróis, e como consequência muita gente morreu, eu até escrevi um texto sobre o assunto, incentivando as pessoas que não caiam no mesmo erro dele, PORÉM, existe algo que muita gente está esquecendo também, algo que muita gente esquece rápido tanto na ficção quanto no mundo real…

Muitos esperam a perfeição dos outros, entretanto é um absurdo esperar a perfeição de um humano, tanto no mundo Real quanto na ficção, nós humanos somos falhos, e por conta disto é um fato de que iremos acabar errando em algum momento ou outro, quando Jesus diz que aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra, nenhum de nós se estivesse ali presente seria capaz de atirar pedra alguma, pois, todos temos nossos pecados, enquanto estivermos vivos iremos errar diversas vezes…

E um problema que acaba se tornando ainda maior, é o fato de que as pessoas costumam se lembrar com mais facilidade de erros, do que acertos, um exemplo simples, que eu até já abordei em um texto anteriormente, é o de Tomé, grande maioria lembra do Apóstolo Tomé como alguém que falhou em ter fé, esta sua falha acabou marcando sua História, de maneira que apesar de seus acertos, este se tornou o principal motivo pelo qual muitos se lembram dele. Todos os Apóstolos apesar de notáveis, eram humanos imperfeitos como eu e você, e existe um deles que acredito ser bem pertinente para este texto…

Entre os Apóstolos também existe um “Peter”, este é o nome em inglês para Pedro, o Apóstolo Pedro teve grandes acertos, porém, também teve grandes erros, em determinado momento, pouco tempo depois de elogiá-lo por sua confissão de fé, o próprio Jesus o chamou de Satanás (Mt 16:23) por sua falha em compreender os planos de Deus, além deste existem outros erros do Apóstolo citados nas sagradas escrituras, o principal destes provavelmente é quando Pedro negou o Senhor Jesus 3 vezes, e um detalhe importante é que o próprio Jesus disse que isto aconteceria, o Apóstolo iludido confiando em si mesmo, e em sua própria fidelidade, acreditou que conseguiria permanecer fiel e não negar o Cristo.

Saber, que até Pedro errou é útil para nós, para que imagine se ele que foi um dos homens que andou mais próximos de Jesus caiu em tentação, quanto mais nós, porém, esta não é a lição principal aqui, se Pedro fosse nosso contemporâneo, muitos de nós o “apedrejaria” com facilidade, ou então ficaria lembrando seus erros do passado, como se disséssemos “Lembra daquela vez que você negou Jesus?”, os erros expostos de muitos são lembrados por diversas pessoas, isto é um fato, e se torna mais real de acordo com o tamanho destes erros, sendo assim, muita gente iria facilmente se lembrar dos erros de Pedro, enquanto com a mesma facilidade iria acabar se esquecendo de seus acertos…

Existem pessoas, que podem ver 1000 Acertos, que não elogiarão uma vez sequer, mas ao ver um único erro, irão apedrejá-lo com todas as pedras que tiverem a disposição, não quero dizer que devemos ser condizentes com o erro, existem casos que devemos agir de igual forma Paulo agiu com Pedro em um acontecimento de Atos, aonde o procedimento público de Pedro naquele momento havia se tornado reprovável, então Paulo repreendeu Pedro na frente todos, sim, não devemos concordar com o erro e estar dispostos a repreendê-lo quando necessário, PORÉM, é necessário que “Não sejamos demasiadamente justos”.., no sentido de que devemos saber dosar nossos “julgamentos” com a misericórdia também.

(Formação Inicial dos Guardiões da Galáxia no MCU)

Devemos nos lembrar dos pontos positivos, de cada pessoa, de seus acertos também, antes de nos apressarmos para condená-la, da mesma forma que gostaríamos que as outras pessoas agissem conosco, quando alguém erra, e continua errando sem parar, de diversas formas, é provavelmente necessário uma correção, PORÉM, quando alguém de maneira equilibrada erra e acerta, é necessário analisarmos a situação com mais cautela, é necessário ter misericórdia, é necessário saber perdoar, mesmo que o erro acabe nos machucando de alguma maneira, na verdade o próprio Jesus deu o exemplo quando perdoou Pedro após este tê-lo negado. Ficar sempre nos lembrando dos erros dos outros, não é uma forma de proceder cristã, devemos saber esquecê-los e perdoá-los, e acredite, devemos fazer isto muitas vezes, mesmo que alguém erre contra nós 70x7 vezes em um único dia, se a pessoa se arrepender, devemos estar dispostos a perdoar!

Voltando ao exemplo de Peter Quill, por mais que pareça para muitos que ele mereça todo o ódio que está recebendo, na verdade não é bem assim que as coisas devem ser, ele é um herói, um herói que no MCU (Universo Cinematográfico da Marvel) já salvou a Galáxia duas vezes, e uma destes ele teve que lutar contra ninguém mais que o seu próprio pai pelo bem dos outros, algo que muitos não teriam a coragem, ele é um “desajustado” sim, como disse a princípio, mas ainda sim é um herói, entretanto apesar de ser um herói, ele é humano, ele é falho, além de que as mortes que acarretaram de seu erro, não foram de sua intenção, sim, seu erro acabou tendo como consequência elas, mas, elas ocorrem porque o vilão Thanos quis, neste caso é ele que deve ser considerado culpado, pense o seguinte, imagine quão absurdo, ao menos como regra, querer dar toda a culpa por não conseguir salvar determinadas pessoas, a um herói que tentou salvá-las mas não conseguiu?, ao invés de dar esta culpa aos “vilões” que mataram estas pessoas?

Peter Quill errou? sim errou, mas ao invés de querer “crucificá-lo” muitos de nós, principalmente os cristãos, deveriam estar dispostos a perdoá-lo, da mesma forma que o Apóstolo “Peter” errou, e ainda sim, Jesus o perdoou, o fato curioso é que ao mesmo tempo que muitas estão odiando Peter por sua falha, muitos estão amando Thanos, que tempos são os nossos, a galera odeia o herói que tentou impedir o Vilão por ter falhado, ao mesmo tempo muitos destes, amam o vilão, vilão este que é o principal culpado de matar tanta gente no MCU, é fato de que se Thanos se arrependesse, deveríamos estar dispostos a perdoar até ele, porém, neste caso o que quero passar é que as pessoas estão condenando e cruficando quem não deveriam, ao mesmo tempo que muitos, ressalto muitos não todos, enquanto odeiam o Senhor das Estrelas por seu erro, amam o vilão, algo que não faz sentido, já que o principal culpado das mortes é o Thanos.

Tome cuidado quando passa a odiar dos “Peters” que você encontra no caminho, eles podem ter errado, mas ainda sim, é melhor ser misericordioso e amá-los, do que querer crucificá-los, esquecendo-se de todos os seus acertos, além disto, tenho certeza que se estivéssemos no lugar deles, principalmente, no do Apóstolo Pedro, iriamos gostar de receber a mesma misericórdia e perdão que Pedro recebeu de Jesus, ao invés de ser “apedrejado”, óbvio que isto não deve ser utilizado como desculpa para viver errando, porém, é algo muito importante, infelizmente falta empatia para muita gente, empatia esta que perceberia que se estivesse no lugar de Peter Quill ou do Apóstolo Pedro, poderia ter feito os mesmos erros, ou até mesmo pior, precisamos parar com este “Romantismo” que acredita que “heróis” tem que ser perfeitos, os humanos mesmo os mais notáveis deles, tanto na ficção quanto no mundo real, são falhos e podem acabar errando, tanto eu como você estamos sujeitos a errar, podemos acabar estragando tudo como o Senhor das Estrelas fez, você pode se iludir, pensando que só porque está de pé agora, vai permanecer assim pelo resto da vida, que nunca mais vai falhar, entretanto como está escrito “Assim, pois, aquele que pensa estar em pé, cuide-se para que não caia” (1 Co 10:12), você pode estar de pé agora, ou melhor dizendo, estar acertando, PORÉM, no dia de amanhã você pode acabar caindo e errando, isto não é um “pessimismo” ou algo do tipo, é apenas a realidade, enquanto estivermos vivos nesta Terra, seremos falhos e estaremos sujeitos a errar, este é um alerta, para que tratemos os outros da mesma maneira que queremos ser tratados, sendo assim, pense, será que depois de ajudar tanto, depois de diversos acertos, você gostaria de receber o mesmo ódio que o Senhor das Estrelas está recebendo?, o mesmo ódio que pessoas do mundo real que erram também recebem?, ou gostaria de receber a misericórdia e perdão que Jesus deu ao Apóstolo Pedro?, a mesma misericórdia que fez o Pai do Filho Pródigo estar disposto a recebê-lo de volta de braços abertos depois daquele filho ter errado tanto contra ele?

Como está escrito “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mt 5:7), se você quer receber misericórdia, você também tem que oferecer misericórdia, tanto é que no Pai Nosso, nós oramos “Perdoa os nossos pecados, assim como perdoamos aqueles que pecam contra nós.” (Lc 11:4), apesar da versão do Pai Nosso variar de tradução para tradução, a ideia é a mesma, nós pedimos a Deus para nos perdoar, assim como nós perdoamos, sendo assim, tanto para receber misericórdia, tanto para receber perdão, nós também temos que estar dispostos e aptos para oferecê-los, se você não dá misericórdia, não receberá misericórdia, se você não perdoa, também não será perdoado, devemos tomar muito cuidado com isto!, alguns podem até tentar se esquivar disto, afirmando que tal pessoa não merece perdão, mas esta é uma afirmação tola, pois, a verdade é que NINGUÉM merece perdão, e isto inclui eu e você, o perdão é uma dádiva, dada a quem realmente não merece, e é por isto que eu disse para não sermos demasiadamente justos, se formos só “justos” focando em punir alguém por seus erros, o certo é justamente isto, punir e condenar, porém, devemos ter a misericórdia, e o perdão, dispostos a esquecer os erros e falhas dos outros, da mesma forma que gostaríamos que os outros fizessem conosco, e é assim que mesmo nós sem merecermos recebemos o perdão de Deus, e é por conta disto, que dizer que alguém não merece perdão é uma tolice, perdão não é dado por “merecimento”, o perdão é dado por arrependimento, e não por mérito, e o arrependimento pode ocorrer centenas de vezes durante um mesmo dia, da mesma vez que podemos pecar centenas ou até mais, de vezes por dia e nos arrependermos que Deus nos perdoará, assim também, se uma pessoa pecar e errar tantas vezes assim contra nós devemos perdoá-la, enfim, se você é um destes que odiou o Senhor das Estrelas por conta de seu erro, eu lhe peço que revise este conceito, e que isto não se resuma a “Odiar ou não” um personagem da ficção, mas que reflita também no mundo real, esteja disposto a perdoar e a ter misericórdia mesmo daqueles que pecam e erram muito contra você, da mesma forma que você gostaria de receber perdão se fosse você que tivesse errado e falhado.

Alguns podem até afirmar que não temos a certeza de que Quill se arrependeu do que fez, mas eu prefiro arriscar que sim, apesar de ser “desajustado” assim como o resto da sua tripulação, ele é um herói, fato já demonstrado nos dois filmes protagonizados pelos Guardiões da Galáxia, sendo assim, acredito que como “herói” e sabendo da importância daquela plano, ele se arrependeu sim de ter estragado tudo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SGC #20 - "E se?" Uma reflexão com o exemplo de Professor Girafales e Dona Florinda.

- Que milagre o senhor por aqui! (Dona Florinda / DF) - Vim lhe trazer este humilde presente. (Professor Girafales / PG) - Muito obrigada! Não gostaria de entrar para tomar uma xícara de café? (DF) - Não será muito incômodo? (PG) - Mas é claro que não, queira entrar! (DF) - Depois da senhora. (PG) Não uma, nem duas, muito menos três mas centenas de vezes este diálogo mencionado anteriormente se repetiu, era óbvio o interesse que um tinha no outro, entretanto nenhum dos dois tomava iniciativa, ficando sempre na mesmice de sempre, uma enrolação sem fim, de forma parecida agem muitos indivíduos no mundo real, inclusive dentro da Igreja. Algo que ocorre é que muitas pessoas se acostumam à uma zona de conforto e por conta disto não tentam coisas diferentes, e assim permanecem sempre no mesmo diálogo sem nunca avançar além disto, e assim perdem a oportunidade de conquistar algo mais, estas pessoas pensam “e se piorar?” “e se eu perder o que eu já tenho?” e outros pensam...

SGC #137 - Não, você não consegue ficar invisível, reflexão baseada no exemplo do Drax

Drax, O destruidor é um dos membros dos Guardiões da Galáxia, apesar de sua história trágica ( esposa e filha assassinadas ), ele é um dos principais "alívios cômicos" dos filmes em que aparece, Drax não faz isto de maneira proposital, e talvez seja isto que torne os momentos ainda mais engraçados, eu sei que este “humor” não agrada a todos, mas ainda sim, sei que o personagem já caiu nas “graças” de muita gente por conta disto, e existe um momento do Filme Vingadores Guerra Infinita, que eu achei bem engraçado e que pode acabar servindo para fazermos uma reflexão, acredito que mesmo que você não tenha gostado, se você viu o filme, você provavelmente se lembra dele… Peter Quill e Gamora estão tendo uma conversa bem séria na Nave dos Guardiões da Galáxia, e eis que eles percebem ao fundo Drax, e então Quill questiona “há quanto tempo está parado aí?”, e recebe a resposta “Uma hora”, por uma hora Drax estava lá parado observando tudo que acontecia, e o momento se to...

A Graça e a Cultura Pop #0007 - Amar as invenções dos "trouxas", não necessariamente significa ser um trouxa, uma reflexão com o exemplo de Athur Weasley

Introdução : Harry Potter traz um mundo fantástico aonde existe o mundo humano, conhecido como “mundo Trouxa”, sim, eles chamam os seres humanos sem habilidades especiais de trouxas, e o “mundo bruxo”, que traz não somente os bruxos (indivíduos capazes de usar magia), como também diversos outros seres da fantasia como gigantes, centauros, elfos, dragões entre outros. No mundo bruxo existem algumas famílias, como é o caso dos Weasley, a família de Ron um dos protagonistas da série, uma família que originalmente era “puro-sangue”, que é como eram chamadas famílias formadas exclusivamente por bruxos, entretanto nem quando era assim eles tinham preconceito com os trouxas, e isto é ainda mais nítido agora, quando na geração atual, posterior aos eventos dos oito filmes, a família deixou de ser formada somente por bruxos. Quem é Arthur Weasley ? Arthur Weasley é o patriarca da família Weasley apresentada para nós nos oitos filmes da franquia Harry Potter, em seu casamento com Molly, eles tive...